segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Socialização on line

“A comunicação medeada por "dispositivos" de comunicação à distância sempre teve as suas óbvias vantagens e desvantagens. Se evita que o aspecto físico, por exemplo, seja visível e, logo, alvo de juízos de valor (terríveis numa época em que os padrões de beleza física são tão difíceis de atingir e de manter... quem consegue competir com modelos esfomeadas/os e perfeitas/os, mesmo se ligeiramente retocadas/os nas fotos?), também não permite uma leitura pragmática (no sentido linguístico) da comunicação. Há aspectos que a medeação não permite que passem entre os intervenientes e, assim, a mensagem passa quase pelo seu valor facial (apesar de alguns aspectos poderem ser "traduzidos" para esta nova situação, como o recurso a maiúsculas, os emoticons...). Isso permite que quem comunica possa controlar muito mais o que quer dizer do que se o estivesse a fazer cara a cara, ou pelo telefone, por exemplo (a inflexão, as hesitações, os olhares, o cortar a intervenção do outro... comunicam sentido). Comunicar por carta (forma que já pertence à arqueologia da comunicação... Quem ainda escreve cartas hoje em dia?), por exemplo, também enferma de alguns aspectos apontados à comunicação via SNS, mas, como o grau de socialização conseguido não é tão elevado, a exposição do sujeito tende a ser menor, além de que, por norma, correspondemo-nos com quem conhecemos bem (ou com quem estamos a conhecer mas que por norma está longe!)...
Em síntese, animais sociais como somos, fomos usando os vários avanços tecnológicos em benefício da facilidade de comunicação com o outro, na expectável tentativa de criar e manter redes sociais que satisfaçam a nossa necessidade de nos sabermos acompanhados, de partilharmos afinidades e de sermos reconhecidos como importantes para o outro. Resta que as possibilidades de convívio sejam geridas com espírito crítico e alguma precaução.”

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